Histerectomia total, subtotal e radical

É uma cirurgia ginecológica de retirada do útero, que pode ser realizada através de laparoscopia, via abdominal ou vaginal.

  • Histerectomia total – Na histerectomia total (completa) é retirado o útero na sua totalidade, o que inclui o corpo de útero e o colo uterino. Este é o tipo de cirurgia mais frequentemente realizada.
  • Histerectomia subtotal – Na histerectomia subtotal (parcial) é retirado apenas o corpo uterino, sendo preservado o colo do útero. Atualmente, não existe indicação formal para realizar este tipo de cirurgia. O principal motivo para este tipo de intervenção é a dificuldade técnica durante a cirurgia, de forma a reduzir os riscos de complicações intra e pós-operatórias.
  • Histerectomia radical – Na histerectomia radical, para além de ser retirado o útero na sua totalidade, são retirados também os ligamentos que envolvem o útero (os paramétrios) e a porção superior da vagina. Este tipo de cirurgia é realizada nos casos de doença maligna ginecológica.

A cirurgia de histerectomia pode ser associada a outros procedimentos cirúrgicos. Na mesma cirurgia pode ser realizada a retirada de uma ou ambas as trompas (salpingectomia uni ou bilateral), um ou os dois ovários (ooforectomia uni ou bilateral), ou o ovário e trompa dos dois lados (anexectomia uni ou bilateral). Quando existe uma doença associada a nível dos ovários ou trompas, pode haver indicação para a sua remoção cirúrgica. Ambos os anexos também podem ser removidos (histerectomia total com anexectomia bilateral) em mulheres que possuam patologia maligna do útero ou idades mais avançadas para prevenção de doenças futuras. Porém, estudos têm demonstrado que remover de forma simultânea de trompas e ovários, de forma profilática (histerectomia preventiva), deve ser realizada apenas após os 60 anos de idade.

Indicações para histerectomia

Durante muitos anos o único tratamento para algumas patologias benignas ginecológicas foi a histerectomia. Houve uma diminuição de sua realização após o aparecimento de modalidades terapêuticas menos invasivas.

Vários fatores devem ser levados em consideração para tomar a decisão de retirada do útero, como patologia e causa, a resposta a tratamentos prévios, os planos reprodutivos e faixa etária da mulher.

Casos como, leiomiomas uterinos, hemorragias uterinas, anómalas, dores pélvicas, prolapso dos órgãos pélvicos, doença maligna ou pré-maligna podem ser indicação para histerectomia.

O mioma uterino (fibróide, leiomioma ou fibromioma) é o tumor benigno mais frequente em mulheres e é a principal indicação para histerectomia. As mulheres que possuem patologia uterina miomatosa e que não pretendem preservar a fertilidade, podem estar indicadas a histerectomia. Deve ser levada em consideração as dimensões dos miomas e seu crescimento ao longo do tempo, a gravidade dos sintomas e o não sucesso prévio com o tratamento médico.

O significado clínico das hemorragias uterinas anómalas e dores pélvicas podem variar muito e ter por base um espectro de patologias muito abrangentes. Quando são situações graves, em que outros tratamentos que o médico realizou não foram bem sucedidos, pode ter indicação a realização de histerectomia.

O prolapso dos órgãos pélvicos é uma patologia benigna onde o útero vai se exteriorizando pela vagina, tornando-se mais frequente conforme a idade da mulher avança.

Usualmente a indicação é cirúrgica, exceto em casos mais incipientes, onde existam contra-indicações cirúrgicas.

Os tumores malignos, de acordo com o estadio da doença, podem ter indicação para histerectomia. Estão incluídos o cancro do colo do útero, ou do corpo uterino, o cancro da trompa e cancro do ovário.

As indicações cirúrgicas devem levar em conta a especificidade de cada doente, do mesmo modo como a patologia em causa e a sua evolução clínica. Em algumas situações em que o tratamento indicado é emergente, a decisão para realizar a histerectomia deve ser partilhada entre o paciente e seu médico.